Objetivos:
identificar sinonímia e ideias-chave em um texto; lexicografia: dicionário,
glossário e enciclopédia.
Habilidade: Localizar
informações visando a resolver problemas, no campo das instituições linguística
e literária, em dicionários, enciclopédias, gramáticas, internet, entre outros.
Caderno do aluno p. 111
Leia:
https://oglobo.globo.com/sociedade/pos-modernidade-comunicacao-23436505
RIO — Pós-modernidade é sinônimo de explosão comunicativa. Estamos
cercados da parafernália eletrônica destrinchada pelas análises de Adorno,
Hockeimer, MacLuhan, Walter Benjamin e outros. Ela reduz o mundo a uma aldeia
que se intercomunica em tempo real. Porém, enquadrada em uma paisagem cultural
hegemônica, que Boaventura de Sousa Santos qualifica de monocultura. A espetacularização
da notícia procura naturalizar a imagem midiática, como se o mundo fosse o que
vemos na TV ou na internet.
Tudo isso molda-nos a identidade. Não há como configurá-la de outro
modo. Somos vulneráveis à multimídia. E nunca a comunicação foi tão ágil,
rápida e fácil, embora cara. Sem sair da cama, podemos saber o que ocorre na
Ásia, falar ao telefone com um nepalês, entrar em um site de bate-papo e nos
enturmar com um bando de jovens do Brooklin. À audição (rádio) somam-se a visão
(foto, cine, TV) e a fala (telefone e internet). Faltam apenas o cheiro e o
contato epidérmico, o toque.
Diante de todo esse cipoal comunicativo levanta-se uma questão: e a
intercomunicação pessoal, tão valorizada por Habermas? Quantos pais “acessam”
os filhos? Como é a conversa olho no olho? Comunicação que se faz comunhão,
interação, e que transmite, não apenas emoção de imagens e sons, mas algo mais
profundo — afeto.
Reféns da tecnologia, sem aparatos eletrônicos temos dificuldade de
dialogar com o próximo. Nossos avós punham a cadeira na varanda, e até mesmo na
calçada, e ficavam horas jogando conversa fora. Hoje, a ansiedade dificulta o
diálogo interpessoal. Preferimos a comunicação virtual, mental, mas não a
corporal. O corpo se transforma em território do silêncio das palavras, embora
se cubra de adornos que “falam”, como a roupa, a esbelteza malhada, os
gestos...
Nessa “fala” o corpo simula (faz de conta ser o que não é) e dissimula
(esconde o que de fato é). Por isso, a comunicação interpessoal é arriscada,
pois tende a desmascarar, trair, revelar contradições. O corpo sou eu e eu não
sou tão bom quanto a imagem que projeto de mim mesmo. Como cavaleiro medieval,
visto uma armadura que encobre a minha verdadeira identidade, a armadura
pós-moderna da parafernália eletrônica. Ela me salva. Permite-me ser conhecido
por uma imagem mediatizada pela multimídia ou, no contato pessoal, pelos
adornos que me imprimem cheiro de grife.
Nu, sou um fracasso, uma decepção frente à minha baixa autoestima. Ainda
mais se acrescento à nudez o que me desnuda por dentro, a fala. Não é por outra
razão que os ícones projetados pela mídia — modelos, artistas, atletas, ricos —
não falam. São fotografados e expostos excessivamente, mas nada se sabe do que
pensam, em que acreditam, que valores abraçam ou que visão de mundo têm. São
seres belos, porém silenciados. Se abrirem a boca, o balão desinfla, o encanto
desaparece, a carruagem vira abóbora.
Não é fácil o verbo se fazer carne. Graças à multimídia, o verbo se faz
caro e raro. É virtualizado para ser esvaziado de significado. Assim, não nos
sentimos desafiados. Na imagem, a catástrofe é épica; na minha esquina,
trágica. E ao contemplar o épico me iludo de que vivo em uma ilha imune à dor e
ao sofrimento. E suporto a reclusão do silêncio temendo que a minha palavra se
faça carne, ou seja, revele quem realmente sou — este ser frágil, carente, que
ainda não descobriu a diferença entre prazer, alegria e felicidade.
Por isso, costumam ser complicadas as relações familiares e de grupos
que compartilham o mesmo espaço virtual, como toda relação confinada em um
mesmo espaço. Não se desfila dentro de casa. No cotidiano, a imagem é
atropelada pelas emoções. É o que Buñuel desvela no filme “O discreto charme da
burguesia”. No espaço doméstico emerge o nosso lado avesso — aquela pessoa que
realmente somos, sem maquiagens de bens, funções e adornos.
Para conviver fora de casa, vestimos a armadura. Vamos para a guerra,
para o reino da competição e do sucesso a qualquer preço. Não podemos,
portanto, mostrar a cara. Protegem-nos a parafernália eletrônica e o diálogo
virtual. Somos o que não aparentamos e aparentamos o que não somos. Eis a
pós-verdade, o paradoxo que a pós-modernidade nos impõe.
Frei Betto é escritor, autor do romance “Hotel
Brasil” (Rocco), entre outros livros.
Leia:
https://www.significados.com.br/pos-modernidade/
O que é a Pós-modernidade:
Pós-modernidade é um conceito que
representa toda a estrutura sócio-cultural desde o fim dos anos 80 até
os dias atuais. Em suma, a pós-modernidade consiste no ambiente em que
a sociedade pós-moderna está inserida, caracterizada pela globalização e
domínio do sistema capitalista.
Vários autores dividem a
pós-modernidade em dois principais períodos. A primeira fase teria começado com
o fim da Segunda Guerra Mundial e se desenvolvido até o declínio da União
Soviética (fim da Guerra Fria). Já a segunda e derradeira etapa teve início no
fim da década de 1980, com a quebra da bipolaridade vivida no mundo durante a
Guerra Fria.
Etapas da Pós-modernidade
Primeira etapa da Pós-Modernidade
De modo geral, a pós-modernidade
representa a "quebra" com antigos modelos de pensamento linear
defendidos na era moderna pelos iluministas. Estes eram baseados na defesa da
razão e ciência como parte de um plano em prol do desenvolvimento da
humanidade.
Porém, com os horrores presenciados
na Segunda Guerra Mundial, começou a crescer um forte sentimento de
insatisfação e decepção na sociedade, visto que todo o "plano"
moldado com base nos ideais iluministas havia falhado.
De acordo com Jean François
Lyotard (1924 - 1998), um dos mais importantes filósofos a conceituar
a pós-modernidade, esta pode ser claramente exemplificada como a total falência
das ideias tidas como certas e verdadeiras em outrora pelos pensadores
modernos.
A pós-modernidade questiona as
grandes utopias e antigas certezas que antes eram defendidas pelos iluministas.
Desta forma, passa a considerar tudo como um conjunto de meras hipóteses ou
especulações.
Segunda etapa da Pós-Modernidade: consolidação
Muitos estudiosos consideram o fim da
década de 1980 como a consolidação definitiva da Pós-Modernidade como
uma estrutura social, política e econômica no mundo. Com o fim da bipolaridade
imposta pela Guerra Fria, o mundo passou a viver sob uma Nova Ordem, baseada na
ideia de pluralidade e globalização entre quase todas as nações.
Os avanços tecnológicos e nos meios
de comunicação, o boom da internet e o monopólio do sistema
capitalista são algumas das características que ajudaram a consolidar os
princípios que definem a sociedade pós-moderna.
A definição de pós-modernidade é
complexa e existem diferentes pontos de vista sobre a sua formação e
significado. Vários sociólogos, filósofos, críticos e estudiosos buscam
explicar esse fenômeno que "substituiu" os princípios que em outrora
marcaram a modernidade.
Características da pós-modernidade
A pós-modernidade é caracterizada
pela ruptura com os ideais iluministas que eram defendidos durante a era moderna,
como os sonhos utópicos da construção de uma sociedade perfeita com base em
princípios tidos como verdadeiros e únicos.
Entre outras características de
destaque, ênfase para:
·
Substituição do pensamento coletivo, e emersão do sentimento de
individualismo, representado pelo narcisismo, hedonismo e consumismo;
·
Valorização do "aqui e agora" (Carpe Diem);
·
Hiper-realidade (mistura entre o real e o imaginário, principalmente com
o auxílio das tecnologias e ambientes online);
·
Subjetividade (nada é concreto e fixo. A ideia antes tida como
verdadeira passa a ser interpretada apenas como mais uma no conjunto das
hipóteses);
·
Multiculturalismo e Pluralidade (fruto da globalização e mistura entre
características típicas de cada cultura, por exemplo);
·
Fragmentação (mistura e união de vários fragmentos de diferentes
estilos, tendências, culturas, etc);
·
Descentralização;
·
Banalização ou ausência de valores.
Veja também o significado de Multiculturalismo.
Pós-modernidade ou Pós-modernismo?
Há uma grande discussão em volta do
uso correto desses dois termos. Alguns estudiosos consideram ambos sinônimos,
enquanto outros tratam de enfatizar as diferenças entre a pós-modernidade e o
pós-modernismo.
Fredric Jameson, crítico literário
norte-americano e um dos principais autores a analisar a pós-modernidade,
defende que, embora semelhantes em alguns aspectos, os dois conceitos são
distintos.
A pós-modernidade seria uma
estrutura, ou seja, o modo como a atual sociedade está configurada. Para
Jameson este período pode ser chamado de "capitalismo tardio" ou
"terceiro momento do capitalismo". Em suma, representa o período em
que a globalização se consolida, assim como as mudanças nas áreas tecnológicas,
comunicacionais, científicas, econômicas, etc.
Por outro lado, o pós-modernismo
deve ser interpretado como um estilo artístico-cultural, que nasceu
essencialmente a partir da arquitetura e se espalhou para as artes e
literatura.
Ou seja, seria correto usar o termo
pós-modernismo para se referir às obras e demais trabalhos estilísticos que
apresentam características da pós-modernidade, como:
·
ausência de regras e valores;
·
individualismo;
·
pluralidade;
·
choque e mistura entre real e imaginário (hiper-real);
·
liberdade de expressão, etc.
Para Jameson essa diferenciação é
importante, pois enquanto o estilo é algo efêmero (muda facilmente), a
alteração de uma estrutura não é tão fácil.
Zygmunt Bauman e a 'Modernidade Líquida'
Os estudos feitos por Bauman (1925 -
2017) sobre a pós-modernidade e suas consequências, são considerados um dos
mais significativos, seja no campo sociológico ou filosófico.
O pensador polonês cunhou a
expressão "modernidade líquida" para se referir ao
período conhecido como pós-modernidade.
Para Bauman, as relações sociais na pós-modernidade são muito efêmeras, ou
seja, assim como se constroem facilmente, tendem a ser destruídas com a mesma
facilidade. Os relacionamentos mantidos através das redes sociais na internet é
um bom exemplo do princípio da fluidez das relações contemporâneas.
A instabilidade, fragmentação,
descentralização e multipluralidade, que são algumas das características mais
marcantes da sociedade pós-moderna, ajudam a entender a ideia do uso da palavra
"líquida" para definir o estado da atual "modernidade", de
acordo com Bauman.
Assim como os líquidos não possuem
uma forma e podem "deslizar" com mais facilidade de um lado para
outro em um jarro, por exemplo, dessa forma também podem ser descritos os
comportamentos e valores humanos da sociedade globalizada.
Saiba mais sobre o significado
de Modernidade Líquida.
Diferença entre Modernidade e Pós-modernidade
Para muitos estudiosos, a chamada
"era moderna" teria se iniciado a partir da Revolução Francesa
(século XVIII), quando houve o rompimento com os pensamentos que vigoravam no
período medieval para ascender os ideais iluministas.
Segundo os princípios do Iluminismo,
durante a Modernidade predominava a razão e a ciência como meios exclusivos de
conquistar a verdade absoluta de todas as coisas.
Durante a era moderna também teve
início da Revolução Industrial, que se desenvolvia enquanto a sociedade vivia
em meio a um grande conflito ideológico. Vale ressaltar que naquela época era
assimilada a ideia da existência de uma verdade derradeira e definitiva.
Diferente do estado fragmentado da
pós-modernidade, na modernidade predominava o pensamento linear e
cartesiano, onde a sociedade se reunia sob o manto de um propósito em
comum. Os "planos" em prol de construir estruturas sociais utópicas
era o que motivava a humanidade durante esse período.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial,
houve uma profunda crise na sociedade que começa a abandonar os antigos
"planos" fracassados da era moderna. Assim, emerge, aos poucos, todas
as características que definem a atual sociedade pós-moderna: o individualismo,
o predomínio do capitalismo, o consumismo, a valorização do prazer individual,
etc.
Modernidade |
Pós-modernidade |
Início
na Revolução Francesa (séc. XVIII). |
Início
no fim da Guerra Fria (anos 80 do séc. XX). |
Pensamento
linear e cartesiano. |
Pensamento
fragmentado. |
Plano
coletivo, em busca do "sonho utópico". |
Individualismo
/ Cada pessoa em busca de seus prazeres e satisfações individuais. |
Busca
pela ordem e progresso. |
Quebra
de barreiras territoriais e culturais / Globalização. |
Trabalhar
em prol de um "plano" coletivo para o futuro. |
Hedonismo
/ Viver o "aqui e o agora". |
Agora responda, de acordo com suas leituras e suas reflexões:
O que
é pós-modernidade?
O que
é comunicação pós-moderna?
Quadro
1: De acordo com a aula, o que é ditado popular (provérbio)?
Quadro
2: De acordo com a aula, o que é substantivo masculino?
De
acordo com a aula: Quais diferenças entre ambos os textos (quadros 1 e 2 citados acima) e que
conceitos eles veiculam?
Qual
o gênero textual de ambos os quadros?
Quais
as funções deste gênero?
Texto: comunicação pós-moderna
Leia:
Paulo sai de casa todos os dias às 6 horas, toma banho, se
troca, escova os dentes e vai para o trabalho. Fernanda faz quase o mesmo, a
diferença é que todos os dias ela leva nas mãos uma pequena sacola, onde
carrega seu almoço e algumas frutas. Ambos fazem quase o mesmo trajeto
diariamente, pegam o mesmo trem, lotado, no mesmo horário, às quinze para as
sete! Ela, mesmo com a sacola em uma das mãos, utiliza o smartphone com a
outra, entretida. Ele, com um grande fone de ouvido, que lhe tapa sobremaneira
a lateral do rosto, faz o mesmo; ela parece conversar com alguém; ele assiste a
um vídeo através de um famoso aplicativo para celulares. Depois de algum tempo
dentro do transporte público, Paulo e Fernanda descem na mesma estação, às
vezes até pela mesma porta, e seguem cada um para seu local de trabalho, junto
a uma pequena multidão que compartilha do mesmo trajeto, hábitos matinais,
todos com olhos, ouvidos e mentes voltados para o aparelho, seja dentro ou fora
do vagão. O rapaz é estagiário em uma empresa de telecomunicações e a moça
uma executiva na área de finanças, assim como Suelen, Marcos, Seu José e Dona
Maria que têm suas próprias profissões e que desceram na mesma estação naquele
dia nublado de quinta-feira. Se Fernanda e Paulo um dia se conhecerão é
impossível prever, se perderem ou quebrarem o celular, talvez eles se conheçam.
Caso o trem descarrile obrigando as pessoas a se ajudarem, eles, fatalmente,
não se conhecerão!?
Responda:
O que
você sentiu ao ler este texto?
De
que forma ocorreu a comunicação entre as personagens do texto?
As
pontuações “!?” no final do texto sugerem o quê?
No
trecho: “Ela, mesmo com a sacola em uma das mãos, utiliza o smartphone com a
outra, entretida. Ele, com um grande fone de ouvido, que lhe tapa sobremaneira
a lateral do rosto, faz o mesmo; ela parece conversar com alguém; ele assiste a
um vídeo através de um famoso aplicativo para celulares”, que palavras foram
usadas para retomar os nomes dos protagonistas? Que palavras são essas?
Quais
características de uma crônica que estão presentes neste texto?
O que
o autor sugere ao utilizar o termo
pós-moderno?
Quais
suas considerações finais a respeito do tema?
Envie esta lição para o meu e-mail; Copie as perguntas e respostas em seu caderno ou imprima e cole.
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