Nome da professora: Lucielma
Disciplina: Língua Portuguesa
Série: 2ªF Ensino Médio
Assunto: Simbolismo
Data: 31/08/2020
Olá estudantes!
Desejo que estejam bem, desfrutando de ótima saúde!
Vamos trabalhar com o movimento literário Simbolismo, que apresenta características bem diferentes dos movimentos literários anteriores. Dúvidas postem nos comentários do blog ou enviem e-mails.
Até breve!
Se cuidem!
Devolutiva da atividade enviada até o dia 07/09/2020
Enviar no e-mail -lucielma@prof.educacao.sp.gov.br
Simbolismo
O simbolismo foi
uma tendência literária que nasceu na França, com as teorias estéticas de
Charles Baudelaire, e floresceu principalmente na poesia, em diversas partes do
mundo ocidental, no final do século XIX. É o último movimento antes do surgimento do modernismo na literatura,
por isso é também considerado pré-moderno.
Como o nome aponta, a
poesia simbolista propunha um resgate dos símbolos, isto é, de uma linguagem que compreendesse uma universalidade. O poeta é, aqui, um decifrador dos símbolos
que compõem a natureza ao seu redor. Contra a superficialidade material do
corpo, a objetividade do realismo e as descrições
animalescas do naturalismo, o simbolismo quer mergulhar no espírito, que se relaciona a algo
maior, a uma instância coletiva universal, a uma transcendência.
Contexto histórico
A literatura simbolista foi
uma reação às correntes cientificistas e positivistas do
último quartel do século XIX. A Europa vivenciava a ebulição da Segunda Revolução Industrial,
que trazia consigo, além do capitalismo financeiro, as
ideologias do empirismo e do determinismo. Trata-se de uma concepção técnico
analítica do mundo, em que a realidade é apreendida apenas pela quantificação e
análise de dados, em prol do desenvolvimento da técnica.
Havia um otimismo predominante
no avanço da indústria, expresso na ideia do progresso. Os simbolistas,
entretanto, percebem no surgimento das metrópoles, acompanhado da
miséria, da sujeira industrial e da exploração da força de trabalho, uma decadência desesperada, uma
morbidez que nada tem de progressista.
Por isso, direcionam sua lírica não para as
descrições objetivas, mas para uma tentativa de conciliação entre
matéria e espírito,
tentativa de resgate de uma humanidade deteriorada. Por essa postura, foram
também chamados “decadentistas” e “malditos”.
Os simbolistas questionaram as
conclusões racionalistas e mecânicas em voga na época, pois
elas não davam espaço à existência do sujeito, servindo apenas como combustível
para a ascensão da burguesia industrial. Buscavam algo além do
materialismo e além do empirismo: um sentido de
universalidade, que seria recuperado por meio da linguagem poética. Buscavam,
ao contrário da impessoalidade numérica e tecnológica, os valores
transcendentais — o Bom, o Verdadeiro, o Belo.
Características do simbolismo
·
Uso de pausas, reticências,
espaços em branco e rupturas sintáticas para representar o silêncio metafísico;
·
Sinestesia:
construção de versos que descrevem sons, aromas e cores, pois os cinco sentidos são
instrumentos de captação dos símbolos ao redor;
·
Temáticas voltadas à
interioridade humana, ao êxtase do espírito;
·
Vocabulário etéreo e
remissões ao Nada e ao Absoluto;
·
Presença comum de antíteses
e oposições, graças às tentativas de encarnar o que é divino e espiritualizar o
que é terreno: o poema é a forma de conciliação entre os planos material e
espiritual;
·
Entendimento da poesia como
uma visão da existência;
·
Presença da religiosidade,
não somente cristã como também oriental, compondo a busca simbolista da
transcendência;
·
Descrições crepusculares,
presença simultânea de luz e sombra;
·
Imagens sombrias, lúgubres,
decadentes;
·
Afrouxamento do rigor
métrico parnasiano,
dando espaço para metrificações irregulares e versos livres;
·
Conceito musical do poema.
O poema “Correspondências”,
de Charles Baudelaire, tem no seu próprio título a ideia central do simbolismo:
a linguagem simbolista pretende estabelecer uma correspondência entre o plano material e o plano
transcendental, entre o divino e o
profano.
Correspondências
A Natureza é um templo vivo
em que os pilares
Deixam filtrar não raro insólitos
enredos;
O homem o cruza em meio a um bosque de
segredos
Que ali o espreitam com seus olhos
familiares.
Como ecos longos que à
distância se matizam
Numa vertiginosa e lúgubre unidade,
Tão vasta quanto a noite e quanto a
claridade,
Os sons, as cores e os perfumes se
harmonizam.
Há aromas frescos como a
carne dos infantes,
Doces como o oboé, verdes como a
campina,
E outros, já dissolutos, ricos e
triunfantes,
Com a fluidez daquilo que
jamais termina,
Como o almíscar, o incenso e as resinas
do Oriente,
Que a glória exaltam dos sentidos e da
mente.
(Charles Baudelaire, As flores do mal, 1857, trad. Ivan Junqueira)
A evocação da espiritualidade está presente já no primeiro verso, em que a
Natureza, iniciada em letra maiúscula, como uma entidade, é caracterizada como
um templo vivo, ou seja, há uma vida espiritual oculta por trás da existência
material das coisas. O homem cruza esse templo vivo em meio a um bosque de
símbolos. E esses símbolos olham os homens com familiaridade — pois
aqueles geralmente são convencionais, isto é, existem por causa de seu sentido coletivo.
O poeta fala em ecos, sons, cores e perfumes: é a presença da
captação sinestésica dos símbolos.
A linguagem poética é a decifradora, a que estabelece uma ponte, uma
correspondência entre o mundo material e o mundo do espírito. A referência ao
almíscar, incenso e resinas do Oriente também retoma essa sensibilidade
sinestésica, bem como faz referência a um universo espiritual, que faz uso
dessa prática aromática como contato com o transcendental.
Simbolismo na Europa
É
na França da última metade do século XIX que surge o simbolismo, caracterizado
por ser uma escola de “poetas malditos” e “decadentes”, boêmios, frequentadores
da noite parisiense e não raro apresentando comportamentos escandalosos.
Principais
autores:
. Charles Baudelaire (1821-1867)
. Stéphane Mallarmé
(1842-1898)
. Paul Verlaine (1844-1896)
. Arthur Rimbaud (1854-1891)
Simbolismo no Brasil
O movimento simbolista
brasileiro incorporou, grosso modo, os procedimentos composicionais do
simbolismo francês. No entanto, as cenas noturnas de boemia e o epíteto de
malditos são substituídos por uma literatura de tons mais religiosos e litúrgicos.
·
João da Cruz e Sousa (1863-1898)
Figura central do Simbolismo brasileiro, Cruz e Sousa nasceu
em Florianópolis. Filho de escravos alforriados, mas, tendo participado de uma
educação formal elitizada, sua obra revela uma erudição inconciliável com a situação racial de um Brasil que
acabara de abolir oficialmente a prática escravista.
É a partir da publicação de Missais,
livro de prosas líricas, e de Broquéis, escrito em versos, ambos publicados em 1893, que
se percebe o desenvolvimento de uma estética simbolista no Brasil. Seu trabalho
traz grande novidade ao procedimento literário brasileiro: aliterações,
prolongamentos sonoros, rompimento com o rigor parnasiano da métrica,
ressonâncias internas, entre outros.
Carnal e místico
Pelas regiões tenuíssimas
da bruma
vagam as Virgens e as Estrelas raras...
Como que o leve aroma das searas
todo o horizonte em derredor perfuma.
Numa evaporação de branca espuma
vão diluindo as perspectivas claras...
Com brilhos crus e fúlgidos de tiaras
as Estrelas apagam-se uma a uma.
E então, na treva, em místicas
dormências,
desfila, com sidéreas latescências,
das Virgens o sonâmbulo cortejo...
Ó Formas vagas, nebulosidades!
Essência das eternas virgindades!
Ó intensas quimeras do Desejo...
(Cruz e Sousa, Broquéis,
1893)
“Carnal e místico” é uma
sugestão da própria dualidade que os simbolistas pretendem conciliar. A imprecisão e a nebulosidade trazidas por Cruz e Sousa — bruma, diluição
das perspectivas, Formas vagas — são temas característicos do simbolismo,
bem como a sinestesia, evocada no “leve aroma das searas” que “todo o horizonte
em derredor perfuma”, como se o autor construísse o poema com base em
sensibilidades diversas. O uso das maiúsculas para dar valor absoluto a determinados
termos também é um recurso recorrente do autor.
·
Afonso Henriques da Costa Guimarães (1870-1921)
Mais conhecido como Alphonsus de Guimaraens,
o autor latinizou seu nome em 1894, intenção mística e que o aproximava dos
hinos católicos dos quais tanto gostava. Quando tinha apenas 17 anos, faleceu
uma prima que ele muito amava e considerava como noiva. O episódio deixou-o
obcecado com a temática da morte, que tanto atravessa seus versos. Há um perene desencanto com o mundo que se traduz em lamento mórbido, e que
coexiste com uma temática religiosa, litúrgica.
·
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (1884-1914)
Difícil de encaixar-se em
qualquer movimento literário, estando ao mesmo tempo fora e acima disso, Augusto dos Anjos retoma
de Cruz e Sousa a dificuldade de adaptar-se ao cotidiano e a estrutura de
alguns versos. No entanto a novidade trazida pelo poeta, entendido por Otto
Maria Carpeaux como o mais original de todos os
poetas brasileiros, era a
mistura de uma terminologia científica com uma obra permeada por profunda
tristeza e amargura.
Resumo
·
Foi
um movimento literário do final do século XIX, de origem francesa;
·
Buscava,
por meio da palavra, a conexão entre o mundo material e espiritual;
·
Tinha
temáticas transcendentes e metafísicas;
·
Sinestesia,
vocabulário etéreo, antíteses e paradoxos, uso de pausas, aliterações e
musicalidade rítmica são características dessas composições;
·
Principais
autores europeus: Baudelaire, Mallarmé, Verlaine, Rimbaud;
·
Principais
autores brasileiros: Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens, Augusto dos Anjos
(este último tido como “pós-simbolista” ou “pré-moderno”).
1.Entre
as principais características do simbolismo podemos destacar:
I. Subjetivismo,
individualismo e imaginação,
II.Estética marcada
pela musicalidade (a poesia aproxima-se da música);
III.Espiritualidade e
transcendentalidade;
IV. Criação de um herói nacional.
Está correta a alternativa:
a.I,II e III
b.I e II
c.II e IV
d.II, III e IV
2.Analise o poema abaixo do poeta Cruz e Sousa:
VELHAS
TRISTEZAS
Diluências
de luz, velhas tristezas
das almas que morreram para a luta!
Sois as sombras amadas de belezas
hoje mais frias do que a pedra bruta.
Murmúrios
incógnitos de gruta
onde o Mar canta os salmos e as rudezas
de obscuras religiões — voz impoluta
de todas as titânicas grandezas.
Passai, lembrando as sensações antigas,
paixões que foram já dóceis amigas,
na luz de eternos sóis glorificadas.
Alegrias de há tempos! E hoje e agora,
velhas tristezas que se vão embora
no poente da Saudade amortalhadas! ...
Leia mais em: http://webartigos.com/artigos/analise-do-poema-velhas-tristeza-de-cruz-e-souza/20899#ixzz4uxfKrJaJ
Sobre o soneto acima podemos afirmar:
I. Quanto
ao aspecto formal, este poema é um soneto, pois está distribuído em 14 versos
disposto em dois quartetos e dois tercetos.
II. Há emprego de rimas alternadas (a b a b) e o emprego da figura de construção assonância
com a repetição da vogal "a".
III. O uso de palavras e
expressões que acentuam uma sugestão mística: "almas",
"sombras", "religiões", "amortalhada",
"eternos".
IV. Tendência para a personificação ou
prosopopeia sendo possível observar nos seguintes versos."Murmúrios
incógnitos de gruta" "onde o Mar canta os salmos e as rudezas"
Está correta a alternativa:
a.I e II
b.I,II e III
c.II e IV
d.I,II,III,IV
3.
(PUC-Campinas)
"Ah! plangentes violões
dormentes, mornos,
Soluços ao
luar, choros ao vento...
Tristes
perfis, os mais vagos contornos,
Bocas
murmurejantes de lamento.
.......................................................................................
Sutis palpitações à luz da
lua.
Anseio dos
momentos mais saudosos,
Quando lá
choram na deserta rua
As cordas
vivas dos violões chorosos.
Quando os
sons dos violões vão soluçando,
Quando os
sons dos violões nas cordas gemem,
E vão
dilacerando e deliciando,
Rasgando as
almas que nas sombras tremem.
.......................................................................................
Vozes veladas, veludosas
vozes,
Volúpias dos
violões, vozes veladas,
Vagam nos
velhos vórtices velozes
Dos ventos,
vivas, vãs, vulcanizadas."
As
estrofes anteriores, claramente representativas do_____, não apresentam _____.
Assinale
a alternativa que completa corretamente AS DUAS lacunas anteriores.
a)
Romantismo - sinestesia
b)
Simbolismo - aliterações e assonâncias
c)
Romantismo - musicalidade
d)
Parnasianismo - metáforas e metonímias
e)
Simbolismo - versos brancos e livres.
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