Primeira República
(Ana Carolina Machado de Souza)
Foi conhecido como Primeira
República, ou República Velha, o período de 1889 (Proclamação) até a Revolução
de 1930, sendo o último presidente Washington Luís. Em 15 de novembro de 1889
foi decretado o fim do Império e o início de uma nova forma de governo, a república.
Comumente, pode-se dividir esta época entre duas: a República da Espada
(1889-1894) e a República Oligárquica (1895-1930).
A denominação do primeiro período
ocorreu devido à predominância dos militares no poder, justificada,
principalmente, pelo medo dos republicanos de uma provável volta da monarquia,
sendo o primeiro presidente o Marechal Deodoro da Fonseca. Em 1891 foi promulgada
a primeira Constituição Republicana do Brasil, após a reunião de uma Assembleia
Constituinte, convocada por uma junta militar, e foi amplamente inspirada na
Constituição dos Estados Unidos. Mas foi somente em 1893 que o povo brasileiro
pôde escolher, dentro do mote republicano, qual tipo de governo para o país:
presidencialista ou parlamentarista. A vitória foi do presidencialismo, que
legitimou o golpe ministrado pelos republicanos 4 anos antes.
Durante esse primeiro período os
militares sofreram grandes dificuldades para a manutenção do seu regime devido
a vários focos de revolta no país, reivindicando a volta da monarquia. Por
conta desses episódios, e após o fechamento do Congresso, Mal. Deodoro da
Fonseca, renunciou ao mandato em novembro de 1891. Assumiu outro marechal,
Floriano Peixoto, taxado como “Mãos de Ferro”, por governar de maneira mais
centralizada, e por ter conseguido controlar uma nova revolta armada em 1893,
utilizando todo o poder bélico que dispunha.
Após a saída de Floriano nenhum outro militar subiu ao poder até o final
da Republica Velha.
A partir de 1895 a denominação
mudou de República da Espada para República Oligárquica, que recebeu esse nome
devido à dominação do cenário político pelas oligarquias rurais, principalmente
as de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Essa influência maior na
política de paulistas e mineiros foi chamada de Política do Café-com-leite.
Esta consistiu, basicamente, num trato velado entre os dois estados para a
alternância de presidentes entre eles, ou seja, um mandato seria mineiro, outro
paulista, permanecendo o poder nas mãos da oligarquia.
A preocupação em manter o poder
entre seus iguais foi expressa pelo então presidente Campos Salles e em 1902
ele indicou um paulista como candidato, Prudente de Morais, iniciando essa
política de alternância. A participação
ativa dos gaúchos ocorreu até 1916, quando o senador Pinheiro Machado foi
assassinado. Após essa data somente com Getúlio Vargas, em 1930, que o RS
voltou com maior força no cenário político brasileiro.
No governo de Salles foi
promulgada a Política dos Estados, ou Política dos Governadores, na qual o
poder estadual era forte e haveria pouca intervenção do governo federal nos
estados. O presidente alegava uma mudança de direção política em relação ao
Império, pois neste o poder era basicamente centralizado nas mãos do imperador.
Na república de presidentes civis, os estados teriam autonomia, assim como os
municípios, para legislar internamente sem interferência mais ativa do presidente.
Um fato que demonstrava o poder dos governadores estaduais é que não existiam
partidos políticos em âmbito federal e o país era governado entre os partidos
criados dentro dos próprios estados. Os principais foram PRP (Partido
Republicano Paulista), PRM (Partido Republicano Mineiro) e PRR (Partido
Republicano Rio-grandense).
Apesar da Política do
Café-com-leite ter durado vários anos, ela não foi unânime em todos os
momentos, e algumas divisões ocorreram. A mais conhecida foi a nomeação de um
candidato da Paraíba, Epitácio Pessoa, em 1919, no lugar de Rodrigues Alves,
após sua morte. Em 1922, o mineiro Arthur Bernardes o substituiu, mas ele não
possuía total apoio de Minas Gerais e São Paulo, ocasionando as revoltas
tenentistas, o que o obrigou a governar em estado de sítio.
O próximo na sucessão, Washington
Luís, paulista, também sofreu com revoltas e problemas políticos, agravados com
a crise de 1929. No período de eleições, segundo a política do café-com-leite,
caberia à Minas Gerais indicar um candidato. Porém o presidente em vigência se
adiantou e o seu partido (PRP) lançou a candidatura de Júlio Prestes,
governador de São Paulo. Houve o rompimento do acordo entre SP e MG, e os
mineiros, com apoio de RS e PB lançaram a candidatura de Getúlio Vargas. A
chapa de Prestes venceu as eleições, mas a oposição, inconformada, provocou a
Revolução de 1930, e pôs fim à chamada República Velha.
Devido ao fato da Constituição de
1891, ainda vigente no país, ser de caráter descentralizado, e a Política dos
Estados ter grande adesão, esse período da história brasileira foi conhecido,
também, pela dominação dos coronéis, fenômeno conhecido por Coronelismo. O
poder dos coronéis e a sua autonomia nos municípios muitas vezes suplantavam ao
próprio governador e presidente. Daí o senso comum de que o Brasil foi
governado por coronéis, que legislavam a seu bel-prazer.
Durante a república Velha,
diversas revoltas organizadas por civis ocorreram. De caráter mais regional ou
nacional, muitas eram em defesa do retorno da monarquia, outras em defesa da
república, mas que o poder não se limitasse à oligarquia. As principais foram a
Guerra de Canudos (1896-1987), Revolta da Vacina (1904), Guerra do Contestado
(1912-1916), Revolta da Chibata (1910), entre outros, e finalmente, a Revolução
de 1930, que acabou com a Política do Café-com-leite. Também foi nesse período
em que tivemos as primeiras greves operárias, em 1907 e 1917, o que mostra uma
organização dos trabalhadores, um comportamento novo na história brasileira.
No âmbito cultural houve a
Primeira Semana de Arte Moderna Brasileira, em fevereiro de 1922, organizada em
São Paulo, com a participação de artistas lendários da cena cultural do país
como Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Anitta Malfatti,
Tarsila do Amaral, entre outros. Esse
movimento marcou a proposta de retomar as raízes brasileiras, buscar no nosso
passado e presente as fontes de inspiração para as artes, e não absorver
totalmente, sem discernimento, as influências europeias e norte-americanas.
Todo o domínio da oligarquia
cafeeira do sudeste foi contestado após a eleição de 1930, quando o candidato
Julio Prestes, paulista indicado pelo então presidente, também paulista,
Washington Luís, venceu o gaúcho Getúlio Vargas. A oposição derrotada não
aceitou o desfecho eleitoral e deu início à Revolução de 1930, em outubro deste
mesmo ano. No final daquele mês foi realizado um golpe militar, que depôs o
presidente e, após a formação de uma Junta Militar, indicaram Getúlio Vargas
como governante provisório, até o restabelecimento da ordem.
Pro. estou com duvida a resposta da pergunta 2 é a partir do paragrafo a seguir ?
ResponderExcluir" A partir de 1895 a denominação mudou de República da Espada para República Oligárquica, que recebeu esse nome devido à dominação do cenário político pelas oligarquias rurais, principalmente as de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Essa influência maior na política de paulistas e mineiros foi chamada de Política do Café-com-leite. Esta consistiu, basicamente, num trato velado entre os dois estados para a alternância de presidentes entre eles, ou seja, um mandato seria mineiro, outro paulista, permanecendo o poder nas mãos da oligarquia."
Fico no aguardo
Isso mesmo, correrto
Excluir