Professor Igor - Língua portuguesa - 3° A ( Atividade 4 - Revisão: Modernismo em Portugal: Fernando Pessoa)

 Professor Igor 

3°A 

Assunto:  Revisão- Modernismo em Portugal: Fernando Pessoa 

                      Exercícios

1)(FEI - SP)

Autopsicografia


O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.

Fernando Pessoa


A palavra título indica que:

a) o texto apresentará a visão do eu lírico sobre os outros com quem convive.

b) o poema tecerá considerações sobre a subjetividade do próprio eu lírico.

c) o texto discutirá a formação do leitor.

d) o poema dialogará com os leitores em potencial.

e) o poema tecerá considerações sobre o amor.


2) A respeito de Fernando Pessoa, é incorreto afirmar que:

a) não só assimilou o passado lírico de seu povo, como refletiu em si as grandes inquietações humanas do começo do século.

b) os heterônimos são meios de conhecer a complexidade cósmica impossível para uma só pessoa.

c) Ricardo Reis simboliza uma forma humanística de ver o mundo do espírito da Antiguidade Clássica.

d) junto com Mário de Sá-Carneiro, dirige a publicação do segundo número de Orpheu, em 1926.

e) a Tabacaria, de Alberto Caeiro, mostra seu desejo de deixar o grande centro em busca da simplicidade do campo.

3)(UM- SP)

Poema em linha reta


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,

Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,

Indesculpavelmente sujo,

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,

Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,

Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,

Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,

Que tenho sofrido enxovalhos e calado,

Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;

Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,

Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,

Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,

Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado

Para fora da possibilidade do soco;

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,

Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,

Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana

Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;

Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!

Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.

Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,

Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!

E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,

Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?

Eu, que venho sido vil, literalmente vil,

Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)


Poema em linha reta é um dos mais importantes poemas de Fernando Pessoa (assinado por Álvaro de Campos, seu heterônimo). Sobre o poema, estão corretas as alternativas, exceto:

a) Trata-se de uma crítica social construída por meio de uma linguagem irônica, atingindo seu ápice nos versos "Poderão as mulheres não os terem amado, / Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca! / E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, / Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? / Eu, que tenho sido vil, literalmente vil, / Vil no sentido mesquinho e infame da vileza".

b) Por meio de uma autocaracterização pejorativa, o eu lírico expressa uma ideia de contraste entre ele e a sociedade, revelando assim o sentimento de estar à margem do mundo: “Arre, estou farto de semideuses! / Onde é que há gente no mundo?”.

c) Ao afirmar, no primeiro verso do poema, que nunca conheceu quem tivesse levado porrada, o poeta declara-se vítima desse ato violento cometido pela própria existência. Seus pares, homens perfeitos, caminham em “linha reta”, por isso imunes aos revezes da vida, enquanto o poeta, humano e imperfeito, sofre com as intempéries da vida.

d) O poema em prosa tem como objetivo romper a barreira do real, atingindo assim bases surrealistas. As imagens são, predominantemente, de inspiração simbolista. O eu lírico afasta-se da realidade e alcança o universo onírico utilizando recursos sinestésicos.


4) (ENEM) 

Isto

Dizem que finjo ou minto

Tudo que escrevo. Não.

Eu simplesmente sinto

Com a imaginação.

Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo

O que me falha ou finda,

É como que um terraço

Sobre outra coisa ainda.

Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio

Do que não está ao pé,

Livre do meu enleio,

Sério do que não é.

Sentir? Sinta quem lê!

PESSOA, F. Poemas escolhidos. São Paulo: Globo, 1997.

Fernando Pessoa é um dos poetas mais extraordinários do século XX. Sua obsessão pelo fazer 

poético não encontrou limites. Pessoa viveu mais no plano criativo do que no plano concreto, e 

criar foi a grande finalidade de sua vida. Poeta da "Geração Orfeu", assumiu uma atitude 

irreverente.

Com base no texto e na temática do poema Isto, conclui-se que o autor

a) Revela seu conflito emotivo em relação ao processo de escritura do texto.

b) Considera fundamental para a poesia a influência dos fetos sociais.

c) Associa o modo de composição do poema ao estado de alma do poeta.

d) Apresenta a concepção do Romantismo quanto à expressão da voz do poeta.

e) Separa os sentimentos do poeta da voz que fala no texto, ou seja, do eu lírico.


5) Fernando Pessoa foi o escritor de maior destaque na primeira fase do modernismo em Portugal. Sobre sua obra, destacam-se as seguintes características, exceto:

a) Sua poesia apresenta reflexões sobre identidade, noções de verdade e existencialismo. Escreveu poemas em inglês, língua na qual foi alfabetizado, poesias líricas e poesias históricas com caráter nacionalista.

b) O fenômeno da heteronímia é a principal característica de sua obra poética. Por meio de personagens, aos quais atribuía nomes e até mesmo biografias, pôde mostrar sua versatilidade e transitar por diferentes estilos.

c) O soneto foi a forma fixa mais utilizada pela poeta. A temática de seus poemas é, sobretudo, amorosa. O amor, a solidão, a tristeza, a saudade, a sedução, o desejo e a morte são outras fortes temáticas em sua obra poética.

d) Entre seus principais heterônimos estão Alberto Caeiro (considerado o mestre de todos os outros), o alter ego Álvaro de Campos, o semi-heterônimo Bernardo Soares e Ricardo Reis.

e) Além de seus heterônimos, há ainda um ortônimo, conjunto de trabalhos que Pessoa assina com o próprio nome e com particularidades estilísticas diferenciadas.


Data da devolutiva: Até 21/09, por e-mail institucional igorlopesferreira@prof.educacao.sp.gov.br 


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