Professor Igor - Língua Portuguesa - 3ºA ( Atividade 1 - Modernismo: 1ªfase e produção textual sobre a obra "Macunaíma")

 Professor Igor  - Língua Portuguesa

3ºA

Assunto: Modernismo: 1ªfase e produção textual 

                                                           Exercícios

1) O capoeira


— Qué apanhá sordado?

— O quê?

— Qué apanhá?

Pernas e cabeça na calçada.

(Oswald de Andrade. Poesias reunidas. 5.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 94)

Sobre a linguagem modernista é incorreto afirmar:

a) busca de uma linguagem mais coloquial.

b) valorização de temas ligados ao cotidiano.

c) uso dos versos livres, sem métrica definida.

d) arte pela arte ou arte sobre a arte.

e) irreverência e subjetivismo dos textos.


2) “No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia, tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.”

Macunaíma é um dos mais emblemáticos romances da primeira fase do modernismo no Brasil. Escrito por Mario de Andrade e publicado em 1928, essa obra é considerada uma rapsódia, pois:


a) trata-se de um poema épico cantado baseado na obra de Homero, poeta grego da antiguidade.

b) trata-se de um conjunto de poemas clássicos baseados em temas da mitologia grega.

c) trata-se de uma obra literária que absorve todas as tradições orais e folclóricas de um povo.

d) trata-se de uma obra literária que reúne as tradições dos colonizadores portugueses.

e) trata-se de um conjunto de poemas selecionados do escritor modernista Mario de Andrade.


3) Após a Semana de Arte Moderna, realizada em fevereiro de 1922 na cidade de São Paulo, o movimento modernista brasileiro começa a despontar no cenário cultural e artístico do país. Sobre a primeira geração modernista, é correto afirmar:

a) A produção literária da primeira geração modernista era intimista, regionalista e urbana.

b) Os escritores desse momento buscavam uma poesia mais equilibrada e preocupada com a palavra e a forma.

c) A primeira geração modernista constituiu um dos melhores momentos da ficção brasileira.

d) A intenção dessa fase esteve relacionada com a denúncia social e o engajamento político.

e) Essa fase esteve marcada por duas tendências: a destruição e a construção.


4)  Leia o texto abaixo e analise as alternativas a seguir acerca do Modernismo, assinalando (V) para o que for VERDADEIRO e (F) para o que for FALSO.


“O que a crítica chama de Modernismo está condicionado por um acontecimento, isto é, por algo datado, público e clamoroso, que se impôs à atenção da nossa inteligência como um divisor de águas: A Semana de Arte Moderna, realizada em fevereiro de 1922, na cidade de São Paulo. Como os promotores da Semana traziam, de fato, ideias estéticas originais em relação às nossas últimas correntes literárias, já em agonia, o Parnasianismo e o Simbolismo, pareceu aos historiadores da cultura brasileira que modernista fosse adjetivo bastante para definir o estilo dos novos, e Modernismo tudo o que se viesse a escrever sob o signo de 22. Os termos, contudo, são tão polivalentes que acabam não dizendo muito, a não ser que determinem, por trás da sua vaguidade:


a) as situações socioculturais que marcaram a vida brasileira desde o começo do século;


b) as correntes de vanguarda europeias que, já antes da I Guerra, tinham radicalizado e transfigurado a herança do Realismo e do Decadentismo.


Pela análise das primeiras entende-se o porquê de ter sido São Paulo o núcleo irradiador do Modernismo; as instâncias ora nacionalistas, ora cosmopolitas do movimento; as duas faces ideologicamente conflitantes. Graças ao conhecimento das vanguardas europeias, podemos situar com mais clareza as opções estéticas da Semana e a evolução dos escritores que dela participaram”.


Fonte: BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 49. ed, São Paulo, Cultrix, 2013. p. 323.


(  ) O Modernismo foi lançado por um grupo de intelectuais da burguesia culta, paulista e mineira, que gozavam de condições especiais, como viagens à Europa, acesso a concertos e exposições de arte.


(  ) Trazendo elementos plásticos pós-impressionistas (cubistas e expressionistas), a exposição de Anita Malfatti, em dezembro de 1917, foi extremamente elogiada no artigo “Paranoia ou Mistificação?”, de Monteiro Lobato.

(  ) Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Menotti del Picchia, Plínio Salgado, Sérgio Milliet e Paulo Prado são autores do Modernismo.

(  ) A Semana de Arte Moderna (1922) foi, simultaneamente, o ponto de encontro de várias tendências que desde a Primeira Guerra Mundial vinham se firmando em São Paulo e no Rio de Janeiro, e a plataforma que permitiu a consolidação de grupos, a publicação de livros, revistas e manifestos, o que a tornou uma viva realidade cultural.

(  ) Futurismo, dadaísmo, surrealismo, cubismo e expressionismo são exemplos das vanguardas europeias que influenciaram o Modernismo.

(  ) O termo “modernista” veio a caracterizar um código novo, diferente do Parnasianismo e do Simbolismo; já o termo “Moderno” inclui fatores relativos à mensagem, como motivos e temas. Assim, nem tudo que antecipa traços modernos será modernista; e nem tudo que foi modernista parecerá, hoje, moderno.


a) V, F, V, V, F, V.

b) F, F, V, V, V, V.

c) V, F, F, V, V, V.

d) F, V, F, F, F, F.

e) V, V, V, F, V, F.


5) (ENEM)

Texto I

O canto do guerreiro

Aqui na floresta

Dos ventos batida,

Façanhas de bravos

Não geram escravos,

Que estimem a vida

Sem guerra e lidar.

— Ouvi-me, Guerreiros,

— Ouvi meu cantar.

Valente na guerra,

Quem há, como eu sou?

Quem vibra o tacape

Com mais valentia?

Quem golpes daria

Fatais, como eu dou?

— Guerreiros, ouvi-me;

— Quem há, como eu sou?

Gonçalves Dias



Texto II

Macunaíma

(Epílogo)

Acabou-se a história e morreu a vitória. Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os flhos dela se acabaram de um em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto […] Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia saber do Herói?

Mário de Andrade

A leitura comparativa dos dois textos anteriores indica que:

a) ambos têm como tema a fgura do indígena brasileiro apresentada de forma realista e heroica, como símbolo máximo do nacionalismo romântico.

b) a abordagem da temática adotada no texto escrito em versos é discriminatória em relação aos povos indígenas do Brasil.

c) as perguntas “— Quem há, como eu sou?” (Texto I) e “Quem podia saber do Herói?” (Texto II) expressam diferentes visões da realidade indígena brasileira.

d) o texto romântico, assim como o modernista, aborda o extermínio dos povos indígenas como resultado do processo de colonização no Brasil.

e) os versos em primeira pessoa revelam que os indígenas podiam expressar-se poeticamente, mas foram silenciados pela colonização, como demonstra a presença do narrador, no segundo texto.

  MACUNAÍMA - MÁRIO DE ANDRADE  -1928

É uma narrativa de caráter mítico, em que os acontecimentos não seguem as convenções realistas, a obra procura fazer um retrato do povo brasileiro, por meio do “herói sem caráter”.

“Macunaíma” é fruto do conhecimento reunido por Mario de Andrade acerca das lendas e mitos indígenas e folclóricos. Dessa forma, pode-se dizer que a obra é uma rapsódia, que é uma palavra que vem do grego e designa obras tais como a Ilíada e a Odisséia de Homero. Para os gregos, uma rapsódia é uma obra literária que condensa todas as tradições orais e folclóricas de um povo. Além disso, na música (Mario de Andrade tinha formação musical também) uma rapsódia utiliza contos tradicionais ou populares de certo povo em temas de composição improvisada.

Há, ainda, uma aproximação ao gênero épico: à medida que o livro narra, em trechos fragmentados, a vida de um personagem que simboliza uma nação. Sobre a acepção musical dada pelo dicionário, chama atenção o improviso da narrativa, que impressiona e surpreende a cada momento, tendo como pano de fundo a cultura popular.

O enredo pode-se tornar-se confuso ao leitor acostumado ao pacto de verossimilhança realista. Por exemplo, é necessário aceitar o fato de o protagonista morrer duas vezes no romance; ou, então, que Macunaíma, em uma fuga, possa estar em Manaus e, algumas linhas depois, aparecer na Argentina; ou ainda o fato de o herói encontrar uma poça que embranquece quem nela se banha.

A verossimilhança em questão é surrealista e deve ser lida de forma simbólica. A cena em que Macunaíma e seus dois irmãos se banham na água que embranquece pode ser entendida como o símbolo das três etnias que formaram o Brasil: o branco, vindo da Europa; o negro, trazido como escravo da África; e o índio nativo. Nessa cena, Macunaíma é o primeiro a se banhar e torna-se loiro. Jiguê é o segundo, e como a água já estava “suja” do negrume do herói, fica com a cor de bronze (índio); por último, Manaape, que simboliza o negro, só embranquece a palma das mãos e a sola dos pés.


Retrato do povo brasileiro

O livro faz parte da primeira fase modernista – a fase heroica. A influência das vanguardas europeias é visível em várias técnicas inovadoras de linguagem que a obra apresenta. Por isso, “Macunaíma” pode oferecer algumas dificuldades ao leitor desavisado.

Há inúmeras referências ao folclore brasileiro. A narrativa se aproxima da oralidade – no capítulo “Cartas pras Icamiabas”, Macunaíma ironiza o povo de São Paulo, que fala em uma língua e escreve em outra. Além disso, não existe verossimilhança realista.

Alguns aspectos históricos motivaram Mário de Andrade a criar tais “empecilhos”. A referência ao folclore brasileiro e à linguagem oral é manifestação típica da primeira fase modernista, quando os escritores estavam preocupados em descobrir a identidade do país e do brasileiro. No plano formal, essa busca se dá pela linguagem falada no Brasil, ignorando, ou melhor, desafiando o português lusitano. No plano temático, a utilização do folclore servia como matéria-prima dessa busca.

“Macunaíma” é, portanto, uma tentativa de construção do retrato do povo brasileiro. Essa tentativa não era nova. O autor romântico José de Alencar, por exemplo, tivera a mesma intenção ao criar, no romance O Guarani, o personagem Peri, índio de aspirações nobres, que se assemelhava, em relação a sua conduta ética, a um cavaleiro medieval lusitano. Não é exagero dizer, se compararmos Peri a Macunaíma, que esse é o oposto daquele. Enquanto o primeiro é valente, extremamente perseverante e encontra suas motivações nos valores da ética e da moral, Macunaíma, além de indolente, conduz a maioria de seus atos movido pelo prazer terreno, mundano. É “o herói sem nenhum caráter”.

Assim, “Macunaíma” é uma obra que busca sintetizar o caráter brasileiro, segundo as convicções da primeira fase modernista. Uma leitura possível é a de que o povo brasileiro não tem um caráter definido e o Brasil é um país grande como o corpo de Macunaíma, mas imaturo, característica que é simbolizada pela cabeça pequena do herói.

Narrador

A crítica literária contemporânea faz questão de considerar a diferença entre o autor e o narrador: esse é tido como uma criação daquele. No caso de “Macunaíma”, no entanto, essa distinção pode ser questionada, quando o narrador aparece no último capítulo. No “Epílogo”, o narrador revela que a história que acabara de narrar havia sido contada por um papagaio, que, por sua vez, a tinha ouvido de Macunaíma: “Tudo ele – o papagaio – contou pro homem e depois abriu asa rumo a Lisboa. E o homem sou eu, minha gente, e eu fiquei pra vos contar a história”. Essa interferência do narrador, da forma como foi feita, aproxima-o do autor, no caso Mário de Andrade.


Tempo e espaço

Por tratar-se de uma narrativa mítica, o tempo e o espaço da obra não estão precisamente definidos, tendo como base a realidade. Pode-se dizer apenas que o espaço é prioritariamente o espaço geográfico brasileiro, com algumas referências ao exterior, enquanto o tempo cronológico da narrativa se mostra indefinido.

Segue vídeo: https://youtu.be/thKk-x4QBf8


 6) Após ler os textos e assistir ao vídeo, o conceito de "herói" trabalhado pelos românticos no século XIX e pelos modernistas no século XX há semelhanças e diferenças. Considerando esse contexto, redija um texto abordando o herói defendido pelos românticos e pela obra " Macunaíma", de Mário de Andrade, Explicite todos os conceitos e faça a intertextualidade. 

- É imprescindível ler os textos e assistir aos vídeos;

- Redija-o entre 25 e 30 linhas;

- Atenção a abordagem, acentuação e ortografia



Data da devolutiva: Até 19/10, por e-mail institucional igorlopesferreira@prof.educacao.sp.gov.br




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