Profª VerônicaMatéria: PORTUGUÊS
Turma: 1I
Entrega: 1 semana
Contato: vtezoni@prof.educacao.sp.gov.br
Dúvidas e perguntas por e-mail ou através do Centro de Mídias
Habilidades: EM13LGG103 – Analisar o funcionamento das linguagens, para interpretar e produzir criticamente discursos em textos de diversas semioses (visuais, verbais, sonoras, gestuais).
Turma: 1I
Entrega: 1 semana
Contato: vtezoni@prof.educacao.sp.gov.br
Dúvidas e perguntas por e-mail ou através do Centro de Mídias
EM13LP52 - Analisar obras significativas das literaturas brasileiras e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, considerando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o modo como dialogam com o presente.
EM13LP10 - Analisar o fenômeno da variação linguística, em seus diferentes níveis (variações fonético-fonológica, lexical, sintática, semântica e estilístico-pragmática) e em suas diferentes dimensões (regional, histórica, social, situacional, ocupacional, etária etc.), de forma a ampliar a compreensão sobre a natureza viva e dinâmica da língua e sobre o fenômeno da constituição de variedades linguísticas de prestígio e estigmatizadas, e a fundamentar o respeito às variedades linguísticas e o combate a preconceitos linguísticos.
Os textos, a seguir, trazem perspectivas sobre fatos envolvendo a adolescência, em períodos distintos. O Texto I se passa em 1870, e o Texto II apresenta uma história atual. O professor irá orientá-lo na realização da leitura. Fique atento com relação à linguagem empregada nos dois textos (são semelhantes ou diferem?) e os conflitos que você observar com relação às personagens.
Situação de aprendizagem 1 (Diálogos impossíveis)
Olá alunos, começamos o ano de 2021 e que ele nos traga novas experiências de aprendizado!
Me chamo Verônica e sou a professora de Língua portuguesa de sua turma.
Se precisarem entrar em contato comigo podem me enviar um e-mail ou entrar em contato pelo Centro de mídias.
A atividade abaixo se encontra na apostila do aluno (Currículo em ação, Volume 1, 2021, Pgs. 39 a 42). Vocês podem fazer na própria apostila e me enviar foto, fazer no computador e me enviar o documento ou, ainda, trazer a apostila para a escola quando vierem para a aula presencial. De qualquer forma, as notas serão registradas de acordo com as atividades passadas e vistos na apostila.
As atividades também se relacionarão com as aulas do Centro de Mídias que vocês estão acompanhando.
Dúvidas podem me perguntar através do e-mail, chat do Centro de Mídias ou, ainda, nas aulas presenciais, onde darei mais explicações e tirarei dúvidas.
Bons estudos!
MOMENTO 1 – DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Texto I
UNS BRAÇOS
Machado de Assis
INÁCIO ESTREMECEU, ouvindo os gritos do solicitador, recebeu o prato que este lhe apresentava
e tratou de comer, debaixo de uma trovoada de nomes, malandro, cabeça de vento, estúpido, maluco.
— Onde anda que nunca ouve o que lhe digo? Hei de contar tudo a seu pai, para que lhe sacuda
a preguiça do corpo com uma boa vara de marmelo, ou um pau; sim, ainda pode apanhar, não pense
que não. Estúpido! Maluco!
— Olhe que lá fora é isto mesmo que você vê aqui, continuou voltando-se para D. Severina, senhora que vivia com ele maritalmente, há anos. Confunde-me os papéis todos, erra as casas, vai a um
escrivão em vez de ir a outro, troca os advogados: é o diabo! É o tal sono pesado e contínuo. De manhã é o que se vê; primeiro que acorde é preciso quebrar-lhe os ossos... Deixe; amanhã hei de acordá-lo a pau de vassoura!
D. Severina tocou-lhe no pé, como pedindo que acabasse. Borges expectorou ainda alguns impropérios, e ficou em paz com Deus e os homens.
Não digo que ficou em paz com os meninos, porque o nosso Inácio não era propriamente menino. Tinha quinze anos feitos e bem feitos. Cabeça inculta, mas bela, olhos de rapaz que sonha, que
adivinha, que indaga, que quer saber e não acaba de saber nada. Tudo isso posto sobre um corpo não
destituído de graça, ainda que malvestido. O pai é barbeiro na Cidade Nova, e pô-lo de agente, escrevente, ou que quer que era, do solicitador Borges, com esperança de vê-lo no foro, porque lhe parecia
que os procuradores de causas ganhavam muito. Passava-se isto na Rua da Lapa, em 1870.
Durante alguns minutos não se ouviu mais que o tinir dos talheres e o ruído da mastigação. Borges abarrotava-se de alface e vaca; interrompia-se para virgular a oração com um golpe de vinho e
continuava logo calado.
Inácio ia comendo devagarinho, não ousando levantar os olhos do prato, nem para colocá-los
onde eles estavam no momento em que o terrível Borges o descompôs. Verdade é que seria agora
muito arriscado. Nunca ele pôs os olhos nos braços de D. Severina que se não esquecesse de si e de
tudo. Também a culpa era antes de D. Severina em trazê-los assim nus, constantemente. Usava mangas curtas em todos os vestidos de casa, meio palmo abaixo do ombro; dali em diante ficavam-lhe os
braços à mostra. Na verdade, eram belos e cheios, em harmonia com a dona, que era antes grossa
que fina, e não perdiam a cor nem a maciez por viverem ao ar; mas é justo explicar que ela os não
trazia assim por faceira, senão porque já gastara todos os vestidos de mangas compridas. De pé, era muito vistosa; andando, tinha meneios engraçados; ele, entretanto, quase que só a via à mesa, onde,
além dos braços, mal poderia mirar-lhe o busto. Não se pode dizer que era bonita; mas também não
era feia. Nenhum adorno; o próprio penteado consta de mui pouco; alisou os cabelos, apanhou-os,
atou-os e fixou-os no alto da cabeça com o pente de tartaruga que a mãe lhe deixou. Ao pescoço, um
lenço escuro, nas orelhas, nada. Tudo isso com vinte e sete anos floridos e sólidos. [...]
(Adaptado).
ASSIS, Machado de. Uns braços. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000259.pdf.
Acesso em: 12 jul. 2020.
Texto II
SEUS BRAÇOS...
Marcos Rohfe
—Abre o vídeo... É esquisito conversar só pelo áudio...
—Vc sabe que minha internet é ruim... capaz de cair a chamada...
—Mas queria te ver....
Ela riu, aquele riso contagiante que só trazia saudades para ele das aulas
presenciais...
—Quê? Tá rindo de mim, né....
—Não, vou abrir o vídeo...
Ao abrir ela pode ver a cara cheia de espinhas e o nariz protuberante de
Inácio... Mas ele só via os braços dela.
— Oxi, cadê vc? Só vejo os braços... lindos por sinal... Mas como vou saber se são seus ou da
sua mãe... Sei que D. Severina não te deixa ficar on-line sozinha.
—Braços lindos, Inácio???
Ela riu ainda mais alto. O que chamou a atenção de sua mãe, entretida com o celular no sofá
ali perto.
—São meus sim, vc sabe...
—Que tanto você ri, Helena?
— Nada não mãe. O Inácio que é estúpido...
—Olha Inácio, estou cheia de espinhas tb, não tenho por que ficar mostrando minha cara. E sem
maquiagem. Essa conversa é pra gente acertar o trabalho de Literatura e só.
—Eu estou mostrando minha cara, tô nem aí...
—Vc viu o que aconteceu com a Amanda?
—Vi. O namorado postou fotos dela no grupo da sala. Mas como ele foi parar lá?
—Disseram que ele falou que queria fazer uma surpresa para ela... Daí colocaram ele... daí ele
jogou as imagens e saiu. Os administradores excluíram o grupo, para deletar tudo... Mas viralizou...
Inácio agora focava só seus braços também na câmera.
—Bobo... Vou postar a minha parte aqui no chat, daí vc vê o que precisa fazer.
—Sim. Vc conversou com a Amanda, sabe se ela está bem?
—Acho que sim. Pior se a gente estivesse em aula presencial. Mas o pai dela vai processar o
menino. Maior BO.
—Sim.
—Hunrum...
—Tá bom, depois a gente se fala mais lá no grupo. Um beijo.
—Nossa não vai mesmo mostrar a cara?
—Beijos, tchau.
Helena desligou o vídeo e saiu da chamada chateada porque Inácio não percebera a bela tatuagem que ela havia feito, mesmo sob protestos do pai, mas com a devida autorização de D. Severina.
Não era possível que ele não tivesse percebido. Era mesmo muito tonto esse menino.
Inácio queria muito ter visto os belos olhos de Helena, seu rosto que sempre o hipnotizara. Ficou
sem jeito de comentar sobre a tatuagem, afinal os pais dela a haviam proibido de fazer, até que tivesse
18 anos. Mas tinha achado muito bonita e ia lembrar de comentar da próxima vez. Afinal os belos braços de Helena estavam anda mais belos.
MOMENTO 2 – VISÕES DE MUNDO NOS TEXTOS
1) Quais são os temas dos dois textos?
2) Apesar de escritos em períodos tão distintos, eles apresentam alguma conexão, coincidência?
3) A palavra “estúpido” é usada nos dois textos. Ela tem o mesmo significado? Há diferenças
no uso?
4) Mostrar os braços, nos dois textos, pressupõe diferentes visões de mundo. Quais seriam elas?
5) É correto afirmar que as duas personagens, chamadas Inácio, nos dois textos, são adolescentes? Justifique sua resposta.
6) Aponte as semelhanças e diferenças entre os dois Inácios.
7) Retire, do Texto I, o trecho em que aparece a descrição de Inácio.
8) O narrador estabelece uma comparação entre o corpo e o intelecto de Inácio. Como é essa
comparação?
9) Esse tipo de comparação sobre uma pessoa é comum? Ou o contrário? Escreva um pequeno
texto, comentando se você já presenciou ou sofreu algo semelhante.
10) O narrador diz que Inácio se vestia mal. Considerando que a história se passa em 1870, como
você imagina que Inácio se vestia?
11) Depois de saber um pouco sobre como era o jeito de vestir do final do século XIX, imagine e elabore um parágrafo com a descrição da roupa que Inácio estava vestindo. Pode ser iniciado assim:
Nesse dia, por exemplo, Inácio vestia __________________________________________________
__________________________________________________________________________________
12) Que tal uma ilustração? Ela pode ser feita manualmente ou com ajuda da tecnologia.
13) Veja o trecho do Texto I:
“[...] O pai é barbeiro na Cidade Nova, e pô-lo de agente, escrevente, ou que quer que era, do
solicitador Borges, com esperança de vê-lo no foro, porque lhe parecia que os procuradores de causas
ganhavam muito [...]”
a) Isso poderia acontecer com a personagem Inácio do Texto II? Justifique sua resposta.
b) Por esse trecho, o que se pode deduzir sobre a estrutura da sociedade?
c) Aos 15 anos, Inácio era aprendiz (agente ou escrevente) em um foro (Texto I). Você acha que
o fato de o narrador dizer que Inácio tinha “uma cabeça inculta” favoreceu a condição em que
se encontrava?
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